Disciplina na igreja
Até pouco tempo, ser “evangélico” indicava vagamente aqueles protestantes de todas as denominaçoes – presbiterianos, batistas, metodistas, anglicanos, luteranos e pentecostais, entre outros – que detinham pelo menos três características: consideravam a Bíblia como Palavra de Deus, autoritativa e infalível; eram conservadores no culto e nos padrões morais; cultivavam uma visão missionaria. Hoje, no Brasil, o termo não abrange mais tais itens, mas tem sido usado para se referir a todos os que, no âmbito do cristianismo. não são católicos romanos: protestantes históricos, pentecostais, neopentecostais, igrejas emergentes, comunidades dos mais variados tipos etc. Os evangélicos tem tido dificuldade para escolher uma única palavra que os defina, já que “evangélico” praticamente perdeu seu sentido original. Quando, para nos identificarmos, precisarmos pedir licença para tecer longas explicações e depois temos de lançar mão de três ou quatro atributos. isto é sinal de que a coisa está realmente feia.
Quando me converti ao cristianismo, era em uma igreja pentecostal que tem na sua história uma tentativa de romper com o legalismo, lembro-me que quando fui a igreja pela primeira vez fiquei impactado pelo amor e a forma diferente dos irmãos daquela igreja, aos poucos fui conhecendo a igreja e seus costumes, observei que nem tudo era liberado aos membros daquela igreja.
Contudo, a igreja parecia realmente viver aquilo que seu pastor presidente escrevera em seu livro,-É proibido, do pastor Ricardo Gondim -. Ainda hoje muitas igrejas tem tentado tirar o rótulo de legalista, mas ao tentar fugir do legalismo tem caído em uma perigosa armadilha, a falta de disciplina, o que tem levado igrejas a um liberalismo sem precedentes, alias, foi por isso que o ministério o qual conheci a Cristo fracassou no Ceará.
É evidente a crise gigantesca em que os evangélicos se encontram: indefinição quanto aos rumos teológicos. multiplicidade de teologias divergentes. falta de liderança com autoridade moral e espiritual. derrocada doutrinaria e moral de lideres que um dia foram reconhecidos como referenda, ascensão de lideres totalitários que se autodenominam pastores, bispos e apóstolos, conquista gradual das escotas de teologia pelo liberalismo teológico, ausência de padrões morais que pautem ao menos a disciplina eclesiástica, depravação da doutrina.
Como resultado. cada vez mais pessoas procuraram igrejas para se sentirem bem, para buscarem solução imediata de seus problemas. Sem sequer refletir nas questões mais profundas acerca da existência e da eternidade. migrando de uma comunidade para outra sem qualquer compromisso ou engajamento com a vida crista.
O que aconteceu para que 0 evangelicalismo brasileiro? Entendo que a Reforma, com sua teologia e pratica. nunca chegou plenamente a nosso pais. Como declarou alguém: “Somos evangélicos moldados por uma argamassa meio católica, melo espirita e pouco ou quase nada reformada”.
Na fuga quase que desesperada para fugir do legalismo criamos ou permitimos que a disciplina fosse frouxa ou em alguns casos nem houvesse, aos poucos, enfraqueceu-se a aderência aos pontos fundamentais, com o objetivo de alargar a base de “comunhão” com outras linhas dentro da cristandade. Com a progressiva redução do que era básico, e com a “desculpa” de fazer-se “loucos” para ganhar os loucos, nos perdemos e nós é que estamos loucos.
A igreja pentecostal vem sofrendo uma mutação, da teologia Armínio/Wesleyana tem passado ser caracterizada pela teologia pelagiana e semi-pelagiana, tal mutação acarreta várias consequências, como: neopentecostalíssimo, uma espiritualidade mística empírica, uma doutrina pragmática e centrada no homem, e por fim, a perda da cosmo visão bíblica. O que se vê hoje, é uma igreja evangélica limitada a ações isoladas e fragmentadas na área social e politica, muitas vezes sem conexão alguma com a visão crista de mundo.
A frouxidão doutrinária e teológica e a escassez de disciplina tem nos conduzidos a uma vida meramente religiosa, mas sem relacionamento íntimo com Deus, somos os novos “católicos”, buscamos avivamento mas não temos santidade, sem qual ninguém verá a Deus.
Hoje ouço muito falar em AVIVAMENTO ESPIRITUAL nos púlpitos ,mas quase não ouvimos falar em SANTIDADE, precisamos compreender de uma vez por todas, SEM SANTIDADE não haverá AVIVAMENTO.
A disciplina eclesiástica está em risco de extinção. Desde que o pós-modernismo encontrou lugar em nossas igrejas, qualquer conceito que ameace o individualismo e seu estilo de vida, logo é taxado de arcaico. Volto a afirmar que muitos dos que se denominam cristão, acreditam que santidade é apenas um comportamento interno da igreja e em nada tem haver com o procedimento secular dos membros. O medo da impopularidade tem levado muitos crentes a serem complacentes com o pecado e tem tentado inutilmente justificar certos atos como comum a natureza humana e que a bíblia e a igreja não devem interferir. Por outro lado, o que dizer daqueles que, em nome do zelo pela disciplina, cometem injustiças e causam mais males do que bens?
Em todo esse contexto, a disciplina tem vida curta e a tolerância consagra-se como a virtude da moda. Porém, o que acontece com uma igreja sem disciplina?
Biblicamente a disciplina na igreja tem um triplo objetivo:
- Reestabelecer o pecador (MT 18:15; 1CO 5:5; GL 6:1)
- Manter a pureza da igreja (1CO 5:6-8)
- Dissuadir outro (1TM 5:20)
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