Será que você é arminiano e nem percebe?
Ao longo da história, o arminianismo muitas vezes foi mal compreendido e até difamado por correntes calvinistas. O resultado disso é que muitos cristãos que seguem a linha arminiana nem sabem que a seguem, e, em alguns casos, até negam. Curiosamente, o arminianismo é tão difundido que até igrejas calvinistas podem estar cheias de pessoas com crenças arminianas. É paradoxal, mas a realidade é essa: muitos têm medo de se identificar como arminianos, mesmo que a maior parte do protestantismo evangélico compartilhe de suas premissas.
O objetivo desta reflexão é ajudar você a perceber se sua fé se aproxima do arminianismo e mostrar que não há nenhum problema em assumir essa posição teológica.
1. Você acredita que Jesus morreu por todos os seres humanos?
Se a sua resposta foi “sim”, você já concorda com um princípio central do arminianismo. A maioria dos calvinistas defende que Cristo morreu apenas por alguns eleitos, enquanto os arminianos entendem que a morte de Jesus foi suficiente para todos. Este é um ponto crucial que separa as duas tradições.
2. Você acredita que o ser humano é incapaz de buscar a Deus por si mesmo e precisa da graça para crer?
Se respondeu “sim”, você segue a linha de Armínio. Tanto arminianos quanto calvinistas reconhecem a necessidade da graça, mas o arminianismo sustenta que, mesmo capacitado pela graça, o ser humano pode escolher aceitar ou resistir.
3. Você acredita que uma pessoa pode resistir ao chamado convincente da graça de Deus?
Se sim, você compartilha outra crença central arminiana. Deus deseja que todos creiam, mas Ele respeita nossa liberdade de escolha. Como Jesus disse sobre Jerusalém: “Quantas vezes eu quis reunir os teus filhos, mas vocês não quiseram” (Mt 23:37).
4. Você acredita que a pessoa nasce de novo quando deposita sua fé em Cristo?
Se sua resposta for positiva, você sustenta um princípio arminiano. Para o arminianismo, a nova vida vem pela união com Cristo pela fé, não antes. João 3:16 é claro: “Todo aquele que nele crê não perecerá, mas terá a vida eterna”.
5. Você acredita na eleição?
Se respondeu “sim”, você pode ser arminiano. A diferença é que a eleição não acontece independentemente da fé, mas “em Cristo”: quem está unido a Ele é considerado eleito.
6. Você acredita na predestinação?
Os arminianos afirmam que os crentes são predestinados à salvação final, mas não que qualquer pessoa seja predestinada a crer.
7. Você acredita na segurança eterna?
A questão é delicada: a fé genuína garante a salvação final ou é possível perder a salvação? Arminianos geralmente entendem que perseverar na fé é necessário; alguns reconhecem a possibilidade de apostasia, enquanto calvinistas defendem a segurança incondicional.
8. Você acredita na expiação penal da morte de Cristo?
A maioria dos arminianos e calvinistas sustenta que Jesus sofreu em nosso lugar para satisfazer a justiça de Deus. Armínio mesmo afirmava esta perspectiva.
9. Você acredita que Deus conhece perfeitamente o futuro?
Sim? Então você concorda com arminianos e calvinistas: Deus tem conhecimento exaustivo de tudo que acontecerá, incluindo nossas escolhas livres.
10. Você acredita na soberania de Deus?
Sim? Ótimo! Arminianos e calvinistas concordam na soberania divina, mas a diferença está em como essa soberania convive com a liberdade humana. Arminianos defendem que Deus é soberano e, ao mesmo tempo, nos concede liberdade genuína.
Em resumo:
Se você se identifica com a ideia de que Cristo morreu por todos, que a graça é resistível, que a fé nos une a Cristo e garante a nova vida, que a eleição depende da fé, que a predestinação é relativa aos crentes, que a perseverança na fé é necessária, que a expiação penal é válida, que Deus conhece perfeitamente o futuro e que Ele é soberano mas respeita nossa liberdade, então você é, sim, arminiano.
E sabe de uma coisa? Isso não é motivo de vergonha. O arminianismo é uma tradição teológica sólida, amparada na Escritura, e é a posição teológica predominante entre os cristãos evangélicos. Ser arminiano é simplesmente assumir a liberdade e a responsabilidade que Deus nos dá, confiando em Sua graça que é suficiente para todos.