A Habitual Batalha Contra a Amargura (2)

A Habitual Batalha Contra a Amargura (2)

  1. Lute para acreditar no melhor sobre os outros

Isso parece tão simples, quase que trivial. Mas essa é uma das maiores áreas de pecado durante problemas relacionais. Um lado incorre em dor por causa do pecado de outro. Ao invés de perguntar, entender a história completa, e lutar para dar aos outros tanta graça quanto damos a nós mesmo, nós nos fechamos, tiramos conclusões míopes e ponto final. O outro lado, consequentemente, reage de forma semelhante. Visões são formadas. A amargura se enraíza em corações e mentes. Nós perguntamos, “Como que é possível que tenhamos chegado nesse ponto?!”

Porém, temos que lutar contra isso, pisando no freio rapidamente. Temos que perguntar, mesmo parecendo certos sobre um ponto. Inundando nossa carne com passagens como 1 Coríntios 13.4-7, Provérbios 18.13 e 18.17, uma coisa espetacular começará a acontecer. Amor. Verdade. Reconciliação.

Falhar em acreditar no melhor e em perguntar geralmente é um sintoma de uma visão altiva e pecaminosa de alguém sobre sua própria sabedoria. É uma adoração à sua própria habilidade de discernir e enxergar as coisas de forma piedosa. Se eu posso enxergar acuradamente cada situação, mas não tenho amor, eu sou nada.

  1. Restrinja o desejo de transmitir seus sentimentos feridos

Agora, especialmente em situações como abuso ou atividade criminal, o indivíduo violado pode ser ajudado compartilhando sua dor. Eles devem fazer isso por propósitos construtivos.

No entanto, temos que ser cuidadosos. Na maioria das situações, compatilhar como nos sentimos pode muitas vezes mascarar um desejo por continuar fervendo nosso ressentimento. Isso nos faz sentir bem, quando outros chegam, partilham da nossa festa de autopiedade, são hipnotizados por isso e tomam o nosso lado. Todo mundo fica do lado do desfavorecido. É exatamente por isso que temos que realmente lutar contra essa tática manipuladora.

Um dos maiores perigos que enfrentamos em brigas de relacionamento é acreditar em nossos sentimentos feridos. Eles são poderosos contra aquele cuja mente é sem discernimento e que possui fortes apelos carnais. Minha dor se torna o padrão pelo qual as conclusões são feitas. “Você me feriu, então você deve [insira uma exigência egoísta]. Eu estou machucado, portanto, eu não posso confiar [o que quer dizer “amar”] você”. Não estamos regojizantes porque Jesus não nos abordou dessa forma ao descer dos céus, obedecendo a lei, e assumindo ele mesmo a ira de Deus por nós na cruz?

Nós podemos levar nossa dor a Jesus (Hb. 4.14-16). Mas, mesmo assim, lembre-se que Jesus não é nosso recipiente de vômito verbal ou nosso psicólogo cósmico. Certamente podemos compartilhar com ele nossas lutas, enquanto lembramos que a sua agenda é, assim como deveria ser a nossa, nossa santificação progressiva. Com exceção do nosso Senhor, não deveríamos sair transmitindo nossos sentimentos sobre a o problema. Sentimentos feridos não são uma questão para repetição, mas para arrependimento.

Além disso, devemos ser cuidadosos em permanecer muito com a ideia de que nossos sentimentos feridos são obra de alguém. A presença de nossos sentimentos feridos não significa automaticamente que alguém cometeu um erro. Nós podemos estar machucados e ofendidos porque temos uma visão inflada de nós mesmos, e nosso orgulho foi atingido. Nós podemos estar feridos por ter já formulado uma visão negativa de alguém, e então ter pecaminosamente filtrado o que nos foi dito, apesar de ter sido algo biblicamente permitido. Ou então podemos estar feridos por sermos demasiadamente orgulhosos para conseguir receber conselhos e críticas.

Se não formos cautelosos, nossos sentimentos feridos podem começar a formar nossa identidade. O que pode acontecer é, mesmo que só por um período da vida: ouvirmos tanto a nossa carne que começamos a acreditar nela. Ao chegar nesse ponto, quando “fulano de tal” parece estar nos ferindo mais e mais, pode ser que, na verdade, os nossos sentimentos feridos estão nos ferindo: nosso hiper foco sentimental combinado com uma postura de acreditar no pior em relação aos outros combinado com a interpretação de todas as coisas como “eles me machucam”. Na realidade, no entanto, nosso próprio orgulho é o que continua a nos ferir.

  1. Olhe para o exemplo de Cristo

Se alguém já encarou compreensíveis tentações em relação à amargura esse é o Senhor Jesus Cristo. Ninguém na história foi mais injustamente bombardeado com pecado do que ele. Ele é a perfeição constante e foi bombardeado com a imperfeição constante. As pessoas regularmente acreditavam no pior em relação a ele, suspeitavam dele, julgavam-lhe mal, mentiam sobre ele, traíam-lhe e odiavam-lhe. E, por fim, eles o mataram. Em meio a isso tudo, ele nunca pecou.

Nós entenderíamos se nosso Senhor pensasse coisas como: “Vocês humanos não sabem o que fiz por vocês?! Eu criei vocês. Eu estou sustentando a sua respiração, seus pulmões, coração, processos bioquímicos do corpo, sua família, e eu estou prestes a morrer na cruz!”. Mesmo assim, de forma imaginável, Jesus obedeceu a Deus o Pai evitando a amargura. “Pois que glória há, se, pecando e sendo esbofeteados por isso, o suportais com paciência? Se, entretanto, quando praticais o bem, sois igualmente afligidos e o suportais com paciência, isto é grato a Deus. Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos.” (1 Pedro 2.20-21)

  1. Estenda o perdão que Deus estendeu a você

Especialmente em casos de extrema violação, esse pode ser o ponto mais difícil. Mas o amor de Deus estendido a nós por meio de Cristo não é uma mera questão de teoria e papéis. Nós nem somos capazes de contar as vezes em que falhamos em cumprir o bom padrão moral de Deus (Mt. 5.48). Nunca iremos sobreestimar a seriedade do nosso pecado contra Deus. Para todas as questões práticas, Cristo compara nossa dívida com Deus como infinita (Mt. 25.21-35). “Se observares, SENHOR, iniqüidades, quem, Senhor, subsistirá? Contigo, porém, está o perdão, para que te temam.” (Sl 130.3-4)

E então, chega-se a isso: o perdoado perdoa (Ef. 4.32). Tendo sido liberto de uma dívida incalculável e da eternidade no inferno, Deus nos chama a imitá-lo na natureza de sua ação, porém não em quantidade.

Uma palavra de contrapartida é necessária: se nós pecamos contra alguém, é melhor nós não exigirmos que eles apenas superem a amargura. Enquanto eles devem se arrepender disso, nós também devemos esperar que fazer algo pode levar tempo. Nossos maiores esforços começam com nossas próprias responsabilidades bíblicas. Enquanto isso, nós podemos orar por outros. E, ao fazer isso, Deus, por meio de seu Espírito e sua Palavra, irá nos fortalecer a enfrentar com sucesso a habitual batalha contra a amargura.

 

0 respostas

Deixe uma resposta

Want to join the discussion?
Feel free to contribute!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *